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O enfrentamento das equipes da Polícia Militar (PM) aos assaltantes que fizeram um ataque a uma empresa de valores, em Guarapuava, na região central do Paraná, ocorreu de acordo com um plano de contingência que baseou a ação.
Segundo a PM, ao seguir o planejamento, os policiais conseguiram frustrar a ação dos criminosos e levar o confronto mais intenso com os suspeitos para longe da área urbana.
Nesta terça-feira (19), o secretário de Segurança Pública do Paraná, coronel Rômulo Marinho Soares, explicou o que é e como funciona esse plano.
“O plano é uma coisa dinâmica. A PM tem isso nos comandos regionais, no Paraná inteiro. Esse plano é basicamente isso: são ações positivas para caso aconteça alguma coisa anormal no município. Prontamente, é feito o plano de chamada, as pessoas são treinadas para isso, e é colocado em prática”, disse o secretário.
A tentativa de assalto aconteceu entre a noite de domingo (17) e madrugada de segunda-feira (18). Dois policiais e um morador da cidade ficaram feridos. Mais de 30 criminosos fugiram sem levar nada, segundo a polícia.
Tiros atingiram o batalhão de polícia, em Guarapuava — Foto: Marcela Carvalho/ RPC Curitiba
Segundo o secretário, em todas as cidades do estado onde há pontos considerados críticos para a segurança, são elaborados planejamentos para ocorrências de risco como o ataque registrado em Guarapuava.
No caso de acionamento do plano, as equipes da polícia bloqueiam os pontos de saída da cidade, que no caso de Guarapuava eram sete principais. Os locais não foram informados pela polícia, por questões de segurança e estratégia.
Ainda conforme a secretaria, a partir desses pontos, os policiais atuam ganhando espaço nos terrenos para, então, chegar até os suspeitos.
No ataque de domingo, ao receberem a notícia da ocorrência, as equipes da PM foram avisadas e buscaram fechar as saídas da cidade para evitar que os suspeitos conseguissem fugir.
“Esse plano nada mais é do que ações que o batalhão planeja caso aconteça alguma coisa anormal, como foi aqui. Houve uma tentativa da quadrilha, prontamente é feita uma chamada, os profissionais ficam de sobreaviso e são chamados. Tínhamos viaturas fora do quartel que foram prontamente colocadas no plano, que previa as entradas e as saídas”, disse o secretário.
O objetivo principal do plano de contingência, segundo o secretário, é não colocar a população em risco, buscando forçar os suspeitos a saírem da cidade, cercados pelas equipes de segurança.
Ainda conforme a explicação do secretário, após acionado o plano, existe uma central de operações que mobiliza toda a região.
Um oficial (coordenador de policiamento da unidade) organiza a ação das equipes, que utilizam armamento mais específico para o trabalho de enfrentamento.
Rômulo Marinho explicou que na dinâmica em Guarapuava, policiais da reserva e equipes que faziam patrulhamentos pela cidade foram acionados.
Na ação, assaltantes incendiaram veículos e atiraram contra a sede do batalhão da PM, impedindo que os militares que estavam dentro da unidade saíssem, e os policiais que estavam nas ruas se deslocaram.
“Nesse dia, o pessoal estava fora, fazendo patrulhamento dos bairros, quando receberam a notícia de que o quartel estava sendo, naquele momento, impedido de retirar as pessoas daqui de dentro. Foi colocada uma barreira, fogo nos caminhões, e esse pessoal de fora, sabendo que estava acontecendo isso, fazem a comunicação”, afirmou.
A Polícia Militar informou que realiza um cerco em uma região de mata, onde acredita que os assaltantes estão. Os trabalhos dos agentes de segurança se estenderam durante a madrugada desta terça-feira.
Vídeos mostram o acompanhamento feito pelos policiais em helicópteros e também pela câmera de um drone.
Policiais acompanham com imagens de drone a movimentação das buscas pelos suspeitos de ataque a empresa, em Guarapuava — Foto: Divulgação/BPMOA
Conforme a PM, cerca de 260 policiais trabalham nas buscas pelos assaltantes. A estratégia se concentra no distrito da Palmeirinha, que fica a 20 km do Centro de Guarapuava. A região tem várias propriedades rurais e conta com 4 mil habitantes.
Além dos trabalhos por terra, a polícia também usa helicópteros para auxiliar nas buscas. Câmeras termográficas, com sensores de calor, estão sendo usadas nas aeronaves.
O tenente-coronel do BPMOA, Júlio Cesar Pucci dos Santos, explicou o acompanhamento aéreo da movimentação das equipes de policiais que avançam por terra na busca pelos suspeitos.
Segundo ele, na região das vias rurais, os policiais observam pelo alto se ocorre alguma movimentação em área de mata, após as passagem das equipes de segurança. Na primeira madrugada de buscas, nenhum suspeito foi localizado.
O acompanhamento, segundo Pucci, ocorre em áreas em torno de onde foram abandonados os carros após o ataque.
Ainda na segunda-feira, um suspeito de envolvimento no crime foi detido pela Polícia Civil. Segundo as investigações, o homem teria auxiliado os assaltantes, fornecendo armamento de uso exclusivo das Forças Armadas.
O homem prestou depoimento e foi liberado. Ele tem 25 anos e é morador de Guarapuava.
Testemunhas disseram que os suspeitos fizeram moradores reféns e fecharam os acessos da cidade. Os criminosos colocaram fogo em dois veículos em frente ao batalhão da Polícia Militar para dificultar a ação dos agentes de segurança.
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A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou ainda que 12 veículos usados pelos bandidos foram localizados. Desse total, quatro deles foram queimados e usados como barreiras pelos criminosos.
Além disso, foram apreendidos dez armas de fogo, um carregador, munições, capacetes, coletes balísticos, balaclavas, facas, celulares e lanternas, um par de placas de veículo e R$ 1,4 mil em espécie.
A Polícia Civil informou que realiza investigações de alta complexidade com o cruzamento de informações do setor de inteligência.
A Polícia Militar (PM) informou que, por segurança, optou por não entrar em confronto armado com os assaltantes dentro do perímetro urbano de Guarapuava. Entretanto, houve troca de tiros na área rural.
Cronologia da tentativa de assalto em Guarapuava — Foto: Wagner Magalhães