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A Mesa diretora da câmara se reuniu, na quinta-feira (10), para analisar e decidiu pela admissão dos pedidos, que serão encaminhados à Comissão de Ética, para apuração da conduta de Renato no caso.
O caso aconteceu na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, durante protestos de repúdio ao assassinato do congolês Moïse Kabagambe e contra o racismo.
Um padre disse que celebrava uma missa no local e que precisou interromper o culto diante da entrada dos manifestantes no templo. A Arquidiocese de Curitiba repudiou o acontecido e disse que na ação do grupo houve “agressividades e ofensas”.
De acordo com a arquidiocese, a ação tratou-se de profanação injuriosa, e a “lei e a livre cidadania foram agredidas”. Ainda conforme a arquidiocese, apesar do tumulto, nenhum objeto da igreja foi danificado.
O assunto foi debatido na câmara desde segunda-feira, e cinco representações contra o vereador foram protocoladas, todas por quebra de decoro.
O vereador Renato Freitas recebeu críticas e respondeu defendendo as motivações do protesto, que tinham cunho antirracista, segundo ele.
Grupo de manifestantes invadiu igreja no Centro Histórico de Curitiba, durante ato antirracista — Foto: Reprodução/RPC
Segundo a Casa, foram apresentadas representações pelos vereadores Eder Borges (PSD), Pier Petruzziello (sem partido), Pastor Marciano Alves e Osias Moraes, ambos do Republicanos, além dos advogados Lincoln Machado Domingues, Matheus Miranda Guérios e Rodrigo Jacob Cavagnari.
Além dos quatro pedidos que foram aceitos, houve uma quinta representação foi registrada pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), pelo mesmo motivo, mas esta acabou sendo rejeitada por não cumprir um requisito necessário: o de partir de uma pessoa física e não de um partido político.
Os pedidos aceitos pela câmara serão investigados pela Comissão de Ética e podem resultar, em caso de penalidades, em censura pública, suspensão de prerrogativas regimentais, suspensão temporária ou perda de mandato.
A depender da decisão da Casa, também pode haver o arquivamento das representações.
O Conselho de Ética tem até 90 dias úteis para decidir o caso, contados a partir da notificação de recebimento do representado, podendo ser prorrogado por decisão do plenário pelo mesmo período, uma única vez.
Vereador pede perdão por invasão em igreja durante protesto, em Curitiba
Na sessão plenária de quarta-feira (9), Renato Freitas falou sobre o caso e pediu desculpas a pessoas que tenham se ofendido pela invasão ao templo religioso. Ele participava de forma remota. Assista ao vídeo acima.
O vereador disse que a missa já havia sido encerrada quando “de forma espontânea, as pessoas entenderam que passar a mensagem da valorização da vida dentro da igreja seria adequado”.
“Algumas pessoas se sentiram profundamente ofendidas, e para essas pessoas eu sinceramente e profundamente peço perdão. Desculpa. Não foi, de fato, a intenção de magoar ou de algum modo ofender o credo de ninguém. Até porque eu mesmo, como todos sabem, sou cristão”, disse.
A entrada do grupo na igreja foi registrada em vídeos que circulam nas redes sociais. Assista, abaixo.
Grupo que pedia justiça pela morte de Moïse entra em igreja durante manifestação
Padre Luiz Haas disse que os manifestantes permaneceram por cerca de 20 minutos na igreja, gritando muito.
O presidente da câmara, vereador Tico Kuzma (Pros), afirmou que a câmara vai acompanhar os desdobramentos e investigar o ocorrido.
O Partido dos Trabalhadores (PT) no Paraná disse ter sido surpreendido pela repercussão do protesto teve e afirma não ter participado da “decisão momentânea” do grupo de manifestantes de entrar na igreja.
Manifestação contra o racismo, em Curitiba, foi registrada em vídeo, com entrada do grupo em igreja — Foto: Reprodução
A vereadora Carol Dartora (PT) denunciou ter recebido ameaças e ataques racistas. A parlamentar relatou ter recebido uma série de mensagens nas redes sociais a associando ao grupo de manifestantes que invadiu a Igreja.
Ela disse que participou da manifestação, mas afirmou que não estava entre s pessoas que entraram no templo religioso.
As mensagens recebidas por ela a chamam, por exemplo, de “macaca fedorenta” e “preta safada”, os autores dos ataques afirmam ainda que a parlamentar “merecia estar na cadeia” e que ela “vai pagar pelo o que fez”.
A assessoria da parlamentar informou que o material será encaminhado ao Ministério Público.
Carol criticou o uso político e a criminalização do protesto, que, afirmou, teve como objetivo denunciar o racismo e a violência contra o povo negro.
A vereadora Carol Dartora (PT) disse que vai encaminhar mensagens racistas recebidas ao Ministério Público — Foto: Rodrigo Fonseca/CMC