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Único espetáculo gaúcho selecionado para a edição de 2022 do Festival de Curitiba, a peça “Derrota” teve o grande desafio de transpor uma encenação feita especialmente para o audiovisual e adaptar para um monólogo com plateia.
“Com o fechamento dos teatros, buscamos opções de trabalho para no ambiente audiovisual com um texto que tivesse essa linguagem. Encontramos a peça do Dimítris Dimitriádis, e imaginamos que ele funcionaria no virtual”, conta a diretora Camila Bauer, que também traduziu os textos.
Ela afirma que, mesmo mediado pela câmera, o formato de “Derrota” era olho no olho, ou seja, a personagem conversava diretamente com quem estava do outro lado da tela. São 35 minutos de peça, sem edição, feitas em plano sequência.
As duas temporadas da peça foram pelo YouTube, com horário agendado e pagamento de ingressos. A diretora conta que a recepção das pessoas foi excelente. “Muitos nos disseram que, apesar do espetáculo ser virtual, se sentiram no teatro”, conta Camila.
Na adaptação para o modelo presencial, a diretora ajustou a atuação de Liane Venturella para uma linguagem íntima, como se falada olho no olho. Além disso, a escolha do lugar também contribuiu.
“O auditório da Biblioteca Pública é pequeno e intimista, onde pudemos trabalhar com efeitos de luz para que o público recebesse essa confissão da personagem”, conta Camila.
Escrita no ano 2000, “Derrota” faz parte do texto “Oblívio” e mais quatro monólogos, também composto por “Memória”, “Arrependimento”, “Arte” e “Oblívio”.
Nos anos de 1960, o dramaturgo grego Dimítris Dimitriádis estudou teatro e cinema na Bélgica. Traduziu obras de ícones da dramaturgia, como Jean Genet e Bernard-Marie Koltés. Hoje, ele acumula diversos prêmios e é apontado como um expoente da cena contemporânea mundial.
“Derrota” propõe um diálogo mediado pela tecnologia já na própria gênese da criação, buscando uma proximidade entre atriz e espectador, onde a cumplicidade é dada pela palavra, pelo olhar direto e próximo. O espectador torna-se cúmplice da confissão que irá ouvir.
Para usar o texto de Dimitris, a diretora Camila entrou em contato diretamente com ele, contando a proposta.
“Ele autorizou imediatamente, e nós não quisemos perder a oportunidade de encenar um autor tão relevante”, conta Liane Venturella. O espetáculo é uma coprodução do Projeto Gompa e da Cia. Incomode-Te e a primeira montagem brasileira para o texto homônimo de Dimítris Dimitriádis.