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Defesa do vereador Renato Freitas entra com recurso na CCJ pedindo nulidade do processo por quebra de decoro


A defesa do vereador Renato Freitas (PT) entrou, na terça-feira (17), com um recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), pedindo a anulação do Processo Ético Disciplinar (PED) contra ele.

Freitas é acusado de quebra de decoro por invadir a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em fevereiro, durante uma manifestação contra ao racismo.

Ao g1, o advogado Guilherme de Salles Gonçalves, que defende Freitas, disse que caso não a CCJ não opte pela anulação, a defesa solicita o adiamento da votação – marcada para quinta (19) – que decidirá pela cassação ou não, em plenário, do vereador.

“O que a gente pretende é que a CCJ, diante das flagrantes inconstitucionalidades das violações regimentais que nós denunciamos e reiteramos, reforme a decisão do Conselho de Ética e, no máximo, envie para deliberação do plenário a recomendação de suspensão por seis meses, condenando o arquivamento”, disse.

No recurso, Gonçalves aponta houve violação no devido processo legal, parcialidade de vereadores votantes e também parcialidade do vereador e relator do PED Sidnei Toaldo (Patriota).

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A defesa também afirma que houve violação do artigo 12 do Código do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, além de desrespeito aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, pois a decisão dos vereadores do Conselho que votaram pela cassação parte de “uma premissa evidentemente política”.

“Dos três ou quatro fatos imputados ao Renato, o único que sobrou foi a fala que ele fez no púlpito da igreja, em relação ao assassinato dos dois negros. Que isso não seja nenhuma forma de violência ou desrespeito à nenhuma liturgia, a igreja católica, nem nada. Porque nós provamos que ele não ‘bateu boca’ com o padre, não comandou invasão nenhuma a igreja, que ele não foi o responsável pelo comando daquela passeata, foi uma passeata nacional e até mesmo internacional. Então, diante disso, nos parece meio evidente que não se possa, diante de um fato só, que sequer pode ser considerado quebra de decoro em si, possa um vereador ser submetido a uma deliberação de cassação do seu mandato”.

Além disso, no recurso, o advogado coloca que a decisão viola, igualmente, um inciso do artigo 5º da Carta Magna, que assegura o direito de manifestação a todos os cidadãos do país.

“Isso se mantido, revela evidentemente, que o que está ocorrendo ali é um massacre em decorrente de um racismo estrutural e de o fato do Renato na verdade ser um rapaz negro, pobre da periferia com nenhum tipo de vinculação com a efetiva defesa da integridade do decoro da Câmara. Aí parece que é o contrário, se a Câmara insistir nessa covardia, nessa ilegalidade, ela vai se deslegitimar fortemente no cenário brasileiro”, conclui o advogado.

No dia 10 de maio, com 5 votos favoráveis, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da câmara decidiu pela cassação do mandato do vereador Renato Freitas. À época, a defesa do parlamentar já havia informado que iria recorrer.

Ofensas racistas e ameaças ao mandato

Na semana passada, Freitas denunciou à CMC que recebeu um e-mail com ofensas racistas e ameaças contra o mandato dele e de outros vereadores negros da cidade.

A mensagem é atribuída ao e-mail do vereador Sidnei Toaldo (Patriota), pelo sistema interno do Legislativo. Ele negou ter sido o autor da mensagem e afirmou que, com os advogados, registrou o caso junto à Polícia Civil para que seja apurado o uso indevido da conta dele.

Toaldo é relator do processo que investiga Renato no Conselho de Ética da Casa e que concluiu o parecer do caso pedindo pela cassação do mandato do parlamentar.

A mensagem denunciada por Renato Freitas foi enviada no dia 9 de maio. Nela, o autor utiliza termos racistas para ofender o parlamentar e afirma que “a câmara dos vereadores de Curitiba não é seu lugar, Renato. Volta para a senzala”.

Ainda no texto, o autor ameaça que vai “dar um jeito de cassar” também os mandatos dos outros vereadores negros da Casa, Carol Dartora (PT) e Herivelto Oliveira (Cidadania).

Renato Freitas afirmou que, tendo partido do e-mail institucional do vereador Toaldo, a mensagem pode ter sido enviada por ele ou por alguma pessoa ligada a ele e destacou que vai pedir uma investigação para chegar à pessoa que escreveu a mensagem.

Em nota, a Câmara disse que, preliminarmente, manifesta indignação quanto ao teor do e-mail. Segundo a assessoria, serão disponibilizadas todas as informações necessárias às autoridades para apurar o ocorrido, “com o fim de proteger a segurança de dados de todos os usuários desta Casa”.

Renato Freitas, vereador de Curitiba, denunciou e-mail com ofensas racistas atribuído a parlamentar que pediu cassação do mandato dele no Conselho de Ética — Foto: Reprodução/RPC

Renato Freitas, vereador de Curitiba, denunciou e-mail com ofensas racistas atribuído a parlamentar que pediu cassação do mandato dele no Conselho de Ética — Foto: Reprodução/RPC

Parecer no Conselho de Ética

O parecer do vereador Sidnei Toaldo foi concluído e apresentado no Conselho de Ética da Casa no dia 6 de maio, quando recebeu pedido de vista da vereadora Maria Letícia (PV).

Na conclusão, Toaldo aponta que, durante a invasão à igreja, Renato disse “palavras de natureza político-ideológica” junto aos manifestantes.

Conforme o parecer, imagens registradas do caso mostram que em nenhum momento Renato deixa “a liderança da manifestação e nem pede que os manifestantes se abstenham de tais práticas. Ao contrário, segue na liderança da manifestação, dirigindo-se aos manifestantes, em frente ao altar”.

Toaldo relatou que houve quebra de decoro por parte de Freitas. Leia, abaixo.

“Diante de todas essas razões, restando demonstrada a gravidade das condutas do representado vereador Renato Freitas, flagrantemente atentatórias ao decoro parlamentar, por abuso de sua prerrogativa, a conclusão deste parecer, – pelas disposições constantes dos dispositivos legais invocados -, é pela aplicação da medida disciplinar de perda de mandato, ao vereador Renato de Almeida Freitas Junior, nos termos do artigo 10, inciso I, do código de ética e decoro parlamentar da Câmara de Vereadores de Curitiba”, diz o texto.

À época, o advogado de Freitas afirmou que o processo deixou de ser jurídico e se tornou perseguição política. Ele considerou que o voto de Sidnei Toaldo violenta e afronta as provas produzidas no processo e reafirmou que Freitas não liderou a manifestação, desrespeitou a missa ou participou de discussão com o padre.

O pedido de vista na comissão, segundo a assessoria da Câmara, teve o objetivo de dar prazo para que o texto seja estudado em detalhe e, se for o caso, os membros possam apresentar voto em separado, ou com outra sugestão de pena, ou ainda pedindo o arquivamento.

As oitivas no Conselho de Ética começaram em 21 de março e terminaram em 11 de abril. Além de Freitas, 12 testemunhas foram ouvidas. O procedimento foi instaurado na CMC a partir de cinco representações que alegam, principalmente, quebra de decoro.

Vereador foi ouvido por outros oito parlamentares em 11 de abril — Foto: CMC

Vereador foi ouvido por outros oito parlamentares em 11 de abril — Foto: CMC

Na época, a Arquidiocese de Curitiba registrou Boletim de Ocorrência contra Renato Freitas. Segundo a Polícia Civil, o caso permanece sendo investigando.

A invasão da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos aconteceu no dia 5 de fevereiro, durante protestos de repúdio ao assassinato do congolês Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho. O vereador integrava a ação.

Grupo que pedia justiça pela morte de Moïse entra em igreja durante manifestação

Grupo que pedia justiça pela morte de Moïse entra em igreja durante manifestação

O padre Luiz Hass disse que celebrava uma missa no local e que precisou interromper o culto diante da entrada dos manifestantes no templo. Freitas alega que o culto tinha acabado.

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No dia 9 de fevereiro, Renato Freitas falou sobre o assunto durante sessão ordinária na câmara e pediu desculpas pela atitude. Assista abaixo.

“Algumas pessoas se sentiram profundamente ofendidas, e para essas pessoas eu sinceramente e profundamente peço perdão. Desculpa. Não foi, de fato, a intenção de magoar ou de algum modo ofender o credo de ninguém. Até porque eu mesmo, como todos sabem, sou cristão”, disse.

Vereador pede perdão por invasão em igreja durante protesto, em Curitiba

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Fonte: G1


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