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O deputado estadual Ricardo Arruda (União) afirmou nesta segunda-feira (25), durante sessão plenária da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), que “nunca houve ditadura em nosso país”. O parlamentar disse, ainda, que “os únicos que dizem que foram torturados foi quem mereceu ser torturado”. Assista acima.
Após a manifestação, o deputado Tadeu Veneri (PT) utilizou a tribuna e rebateu o posicionamento do colega. A ditadura militar foi de 1964 a 1985, período em que houve perseguição, tortura e assassinatos de opositores do regime. O Congresso Nacional foi fechado, e a imprensa, censurada. Leia mais abaixo.
“É uma vergonha o que o senhor fala naquela tribuna. É uma vergonha, porque o senhor nunca teve coragem de enfrentar a ditadura […] Eu acho que a tribuna tem limites, a tribuna não permite tudo […] A tortura é o que tem de pior, mais abjeto no ser humano. A tortura é prender uma pessoa sem provas, levá-la ao cativeiro, espancá-la, dar choque na uretra, choque no ânus, choque nos lábios […] A tortura fez com que muitos delatassem pessoas que sequer conheciam”, afirmou.
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Ao final do pronunciamento de Veneri, Arruda pediu espaço de fala, iniciou uma tréplica, mas foi interrompido pelo presidente da casa, deputado Ademar Traiano (PSDB), que alegou que o deputado estava usando o espaço cedido para debate, o que não é permitido pelo regimento interno.
“Vossa excelência está entrando em uma seara de uma discussão. Vossa excelência já usou a tribuna, com o devido respeito […] Não vamos polemizar, o senhor já usou por 10 minutos a tribuna. Não procede a questão de ordem”, disse o presidente Traiano.
Logo depois, Veneri e Arruda começaram a discutir.
Deputados trocaram gritos durante sessão plenária — Foto: Divulgação/Alep/Redes Sociais
Na transmissão da sessão, é possível ver o momento em que Veneri é contido pelo deputado Arilson Chiorato (PT) e um outro homem. Arruda é contido pelo deputado Marcel Micheleto (PL), líder do governo.
Ambos estavam sem microfone no momento da discussão, mas um equipamento que está próximo capta parte dos gritos que ambos trocaram.
O golpe de estado que instaurou a ditadura militar no Brasil em 1964 completou 58 anos em 2022. Após o ato, iniciou-se um regime de exceção que durou até 1985. Neste período, não houve eleição direta para presidente. O Congresso Nacional chegou a ser fechado, mandatos foram cassados e houve censura à imprensa.
De acordo com a Comissão da Verdade, mais de 400 pessoas foram mortas pelo regime ou desapareceram – somente 33 corpos foram localizados.