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A quatorze quilômetros do centro de Londrina a Feira da Estrada do Limoeiro proporciona uma experiência de compra próxima à natureza.
Para Eliseu de Castro, visitante, o local faz parte da sua rotina de domingo. “Venho sempre comer pastel e tomar um caldo de cana, venho no meu amigo dos defumados, compro alguns produtos que ele mesmo faz”, afirma.
Mauricio Trovo, largou a carreira na indústria farmacêutica para vender produtos defumados na feira. — Foto: Reprodução
O amigo dos defumados, citado pelo visitante, é Mauricio Trovo, que é feirante e trabalhou por mais de vinte anos na indústria farmacêutica até que resolveu vender produtos defumados na feira.
“Eu trabalhava em uma área totalmente diferente. Resolvi parar de uma vez e mudar. Vir para cá e me dedicar a algo meu, a algo que realmente gosto, à família. Não é que eu não gostava do meu trabalho antes, mas a gente vê que aqui tem valores diferentes. Outro estilo de vida”, comenta Trovo.
O que na cidade pode significar um problema, na Feira do Limoeiro é encarado pelos visitantes como libertador: a região tem pouco sinal de celular.
“Desconecta um pouco a gente. A gente fica mais livre, pois a gente vira escravo do aparelho e das redes sociais. Tem hora que é bom deixar de lado”, diz a artesã Clênia Vasconcelos.
Inaugurada há 3 anos, a proposta da feira é incentivar pequenos agricultores da região. A maioria possui chácaras na área conhecida como Fazenda da Nata, onde produzem alimentos, plantas, produtos de artesanato, queijos, licores, cachaças, sucos, entre outras coisas.
Para a cozinheira Carina Manzano é interessante que os feirantes sejam produtores da região. “Eu acho isso muito importante para valorizar a nossa economia. Além disso, tem o frescor dos alimentos pra gente ter uma boa alimentação. É muito gostoso poder escolher o produto, saber de onde vem, é muito acolhedora essa forma de venda”, afirma.
O acolhimento é tanto que fez com que Nilza passasse de consumidora para tornar-se feirante. No salão de beleza que possui em Londrina, a cabeleireira compartilhou queijos com as clientes, até que os cafés da tarde se tornaram uma ideia de negócio.
O sucesso da barraquinha de queijos, manteigas e produtos caipiras de Nilza é tão grande que ela e o namorado já fazem planos para o futuro. “Estamos pensando em ter uma loja física, porque nós temos clientes em toda Londrina”, diz.
Feira da estrada tem sabores diferentes para os fãs de cachaça: cereja, gengibre, pimenta, figo. — Foto: Divulgação
Trinta e dois feirantes trabalham no local. Para conseguir espaço, cada um teve que cumprir alguns critérios, entre eles o cadastro em uma associação.
Para comercializar no local a principal exigência é vender somente produtos e alimentos produzidos em Londrina e região. A feirante Marlene de Oliveira Carlos explica que o vendedor interessado deve fazer um cadastro, que passa para a aprovação de uma comissão.
“Nós fazemos questão que seja da região de Londrina. Queremos incentivar a produção local”, explica.
A produção de uvas da família de Caroline Salton, que tem um parreiral próximo à feira, encontrou dificuldade de vendas no início, mas o local ajudou com os lucros. A jovem de dezessete anos participa desde pequena da colheita e, aos fins de semana, faz as vendas no box da família. Para Caroline, a função é mais aprendizado do que trabalho.
“Todos os produtos são meus pais que fazem, você vê que é bastante trabalho. Então quando você vai ao mercado e vê que as coisas estão caras, por trás tem todo um grande processo”, afirma.
Na feira da Estrada do Limoeiro esse é um diferencial: tem de tudo, por um preço mais baixo do que na cidade.
Opções de pimentas e molhos caseiros, geleias, defumados, como salames, queijos e linguiças, massas artesanais, salgados, mel de todos os tamanhos, flores, plantas ornamentais, e muito artesanato. Para quem gosta de cachaças e licores artesanais, a produção da agricultura Marlene chama a atenção pelos sabores diversificados: tem cachaça de cereja, gengibre, pimenta, figo.
“Eu construí uma cozinha industrial para produzir. E sai mais barato porque é produção local. Nossos gastos são só com os produtos. E a gente faz questão que seja um valor baixo para atrair as pessoas”, explica a produtora.
Para alguns visitantes a presença de pastel na feira é indispensável. — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Para o visitante Valter Aparecido Dias a variedade e o frescor dos produtos vendidos no local faz diferença. “Através de um amigo descobrimos que aqui tem produtos sem agrotóxicos. Isso é saúde e vida. Eu acho que a vale conhecer”, convida o consumidor.
No passeio, dá também para garantir o almoço do dia. Para muitos, como o Willian França, feira sem pastel não tem graça. “O pastel é o primeiro. A gente sai e tem que ter o pastel. Depois a gente passeia na feira para conhecer”, diz.
A barraca do salgado vende cerca de duzentos pastéis todos os fins de semana.
Outra opção é a costela de fogo de chão. A carne é colocada no fogo às três da manhã, e mais de quatrocentos e cinquenta quilos são assados aos sábados e domingos.
O churrasqueiro Vanderley Fraga explica o preparo. “A gente deixa temperado dentro da água com sal de um dia para o outro. São oito horas de fogo para a gente servir a partir das dez horas da manhã para os clientes”.
Ele conta que hoje emprega dezessete funcionários, dedicados a preparar uma costela saborosa.