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De acordo com a irmã da vítima, Patrícia Guimarães de Souza, ele deixou dois filhos pequenos, de cinco e sete anos, e a esposa. A família vive em Belém do Pará.
“Ele foi para lá trabalhar para procurar uma melhora de vida. A esposa dele ia com os filhos agora no início de abril para passar o aniversário com ele e ficar para lá [no Paraná]”, disse.
Patrícia disse que o irmão enviou uma foto para a família logo depois do embarque.
“Meu irmão era uma pessoa muito alegre, ele era muito brincalhão, trabalhador. É muito difícil aceitar”, contou.
Alício Vieira do Prado é o dono do sítio onde ocorreu o acidente e foi o primeiro a chegar no local.
“Eu tinha acabado de deitar e ouvi aquele barulho muito grande e gente pedindo socorro. Aí cheguei aqui, seis meninos já estavam em movimento aqui na estrada. Foi horrível ver aquele cenário triste que a gente nunca viu uma cena dessa”, relembrou.
Ônibus cai em ribanceira e deixa 10 mortos e outros 21 feridos, em Sapopema — Foto: PRE
Outros 10 homens trabalhadores, com idades entre 39 e 64 anos, dos estados do Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Pará, Piauí e Alagoas, perderam a vida no acidente de . Vinte pessoas também ficaram feridas.
Nesta sexta-feira (1º), os carros de uma funerária do Paraná, contratada pela empresa responsável pelos trabalhadores, estiveram no Instituto Médico-Legal (IML) para o traslado dos corpos as sete estados.
A Polícia Civil informou que instaurou inquérito para apurar o caso e começará a ouvir as testemunhas na segunda-feira (4).
De acordo com a Polícia Civil, o ônibus não foi retirado do local nesta sexta-feira por causa do mau tempo. A expectativa é que ele seja guinchado e levado para perícia até segunda-feira.
A investigação começará pelo sistema de freios e pneus do veículo, conforme a polícia.
O ônibus que caiu na ribanceira e deixou, além dos mortos, 20 feridos, não tinha autorização para o transporte interestadual de trabalhadores, conforme a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A ANTT informou ainda que o motorista Adilson Dias, de 52 anos, que morreu no acidente, não tinha cadastro ativo junto ao órgão.
Conforme a agência, o ônibus não está habilitado para transporte regular e consta como inativo para fretamento.
O veículo também não apresenta, nesta quinta-feira, nenhuma apólice de Seguro de Responsabilidade Civil para o veículo, requisito obrigatório para o transporte de passageiros, informou a ANTT.
O ônibus pertencia à frota da Transportes Labor Ltda, mas foi vendido em 30 de março de 2021 para Engemec. Entretanto, a documentação não tinha sido transferida para a empresa responsável.
A RPC entrou em contato com a empresa Engemec, mas não recebeu um posicionamento sobre as irregularidades apresentadas pela ANTT.
Os responsáveis da empresa, que estão em Londrina, também foram procurados, mas eles não quiseram dar entrevista.
A Klabin, onde os trabalhadores iriam atuar, informou que lamenta profundamente a tragédia em Sapopema e disse que aguarda a conclusão das investigações sobre o ocorrido junto aos órgãos competentes.
Ônibus cai em ribanceira e deixa 10 mortos e outros 21 feridos, no Paraná
De acordo com o delegado André Luis Garcia, as investigações serão concentradas na Delegacia de Curiúva.
Na quinta-feira, peritos da criminalística começaram a apurar o caso para tentar esclarecer o que causou o acidente.
A perícia irá analisar se houve falha humana, no ônibus, na pista ou se a queda foi causada por outro veículo.
“Vou requisitar perícia técnica no veículo para a gente saber quais eram as condições, pneu, sistema de freio, mas também aguardo a possibilidade de tomar depoimento dos sobreviventes, para que eles contem o que eles viram, o que presenciaram”, disse o delegado.
Os trabalhadores que morreram no acidente estavam viajando para fazer uma manutenção em uma indústria que produz papéis e embalagens em Telêmaco Borba, na região dos Campos Gerais.
O veículo saiu de Três Lagoas (MS) e iria deixar os trabalhadores na fábrica da Klabin.
Sapopema fica a cerca de 70 km de Telêmaco Borba. Até o local do acidente, o ônibus tinha percorrido quase 500 km.
A Klabin, que é a maior indústria produtora e exportadora de papéis do Brasil, disse que os trabalhadores eram contratados de uma empresa terceirizada chamada Engemec.
Ônibus cai em ribanceira e deixa 10 mortos e outros 21 feridos, em Sapopema — Foto: Mônica Dau/RPC
Tanto a Klabin quanto a Engemec lamentaram o acidente e disseram que estão auxiliando as vítimas e familiares.
De acordo com a Klabin, a indústria programou uma parada geral no dias 15 e 16 de abril para manutenção. O procedimento é comum. Mais de 3 mil pessoas devem executar os serviços, sendo todos terceirizados.
O acidente aconteceu por volta das 22h de quarta-feira, no km 268 da PR-090. O trecho fica na localidade conhecida como Serra Fria e tem pista simples.
Segundo a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), chovia no momento do acidente. A investigação acredita que o motorista tenha perdido o controle da direção, vindo sair com o veículo da pista e capotado.
Os bombeiros disseram que sete pessoas morreram ainda no local do acidente. Outras três vítimas morreram no hospital. A última morreu enquanto era transferida de instituição.
Ainda de acordo com os bombeiros, foram resgatadas 10 vítimas em estado grave e outras quatro com ferimentos moderados. Os demais ocupantes tiveram ferimentos leves.
Alguns passageiros foram ejetados do ônibus, durante o capotamento. Conforme o Corpo de Bombeiros, alguns trabalhadores foram resgatados por pessoas que passavam pela rodovia.
Acidente deixou 10 pessoas mortas, em Sapopema — Foto: Arte/g1