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O zagueiro paranaense Vitão, do time Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, comemorou a chegada ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, na noite de terça-feira (1º), após ter deixado Kiev, a capital ucraniana, em meio à guerra do país com a Rússia.
Procurado pelo g1, o jogador disse que ficou desesperado porque estava com o filho Miguel Eduardo, de três meses de idade, e com a esposa, Camila Souza.
“Graças a Deus agora estamos bem. Foram dias muito difíceis, que não sabia quando iriam passar ou se iriam passar. […] Realmente foram dias muitos difíceis, mas graças a Deus conseguimos sair de lá com vida. Agora é orar pelos que ficaram”, disse.
Segundo Vitão, ele ficou com medo do bebê passar fome, frio e sentir dor, pois o leite, as fraudas e alimentos estavam acabando na cidade.
O casal e o filho deixaram a Ucrânia no sábado (26). Para retornarem ao Brasil, eles precisaram seguir para a Romênia e, depois, para a França.
Vitão, a esposa Camila e o filho Miguel voltando ao Brasil — Foto: Arquivo pessoal
Vitão é de Jacarezinho, no norte pioneiro do Paraná, por isso, a família viajou até São Paulo para recebê-lo no aeroporto. Veja o vídeo acima.
Segundo o pai do jogador, Claudinei Matos, a chegada deles trouxe alívio para toda família, que aguardava com preocupação notícias sobre os três durante a semana de guerra.
“Foi difícil, acompanhei todos os dias, eu, o irmão, a mãe, não foi fácil. Agora, graças a Deus está tudo certinho, chegaram bem. Espero que passe essa guerra o mais rápido possível”, disse o pai.
Em uma rede social, Vitão agradeceu por ter conseguido sair da Ucrânia com a família e relatou o medo que teve nesse período.
“Não consigo descrever tudo que passamos. Só quem viveu realmente sabe o que estou falando. Ficar em uma sala, dormindo no chão, com um filho de três meses e uma guerra acontecendo do lado de fora. […] Uma coisa que não deixei acabar foi minha esperança, minha fé, minha crença”, escreveu.
Jogador do Paraná estava na Ucrânia — Foto: RPC
O jogador tem contrato o time local da Ucrânia e morava na capital do país.
Desde o início da guerra, Vitão e outros atletas brasileiros ficaram alojados em um hotel de Kiev.
O grupo de assessoria esportiva responsável pela carreira do jogador informou que prestou assistência até que ele pudesse chegar ao Brasil em segurança.
Rússia x Ucrânia: entenda as alianças militares e os efetivos deslocados na região
Andrew Traumann, professor de Relações Internacionais, doutor em História e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas do Oriente Médio (Gepom), explica que as tensões no leste europeu começaram ainda na década de 1990.
Para o professor, o estopim para a invasão foi a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que é uma aliança militar entre Estados Unidos e vários países da Europa, e a possibilidade da entrada da Ucrânia no grupo.
“Esse processo se acelerou muito a partir do 11 de setembro, durante o governo do presidente norte-americano George W. Bush, que estimulou essa expansão. A gente percebe como que a Rússia ficou geopoliticamente cercada. A questão da Ucrânia foi como se fosse uma linha vermelha”, explicou.
Traumann disse ainda que, na visão russa, Putin resolveu agir preventivamente, pois entende como inadmissível a entrada da Ucrânia na Otan, já que a Rússia passaria a estar cercada militarmente.
O professor também descarta a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial, por causa do conflito. Para ele, os países da Otan não devem entrar em combate armado contra a Rússia.
“A Otan e os Estados Unidos não vão se arriscar em uma guerra por causa da Ucrânia. O uso de armas nucleares é um grande fator de dissuasão, porque ninguém quer pagar para ver”, disse.