NOTÍCIAS


No TikTok, Justiça Eleitoral do Paraná aposta em memes e hits para engajar jovens na política; mesária produz parte do conteúdo


“O mundo eleitoral ele é o mundo jurídico, e o mundo jurídico é chato, ninguém entende. Então, a gente tenta desmistificar tudo isso”. A fala é da estudante de Jornalismo, Beatriz Artigas, de 21 anos, uma das responsáveis pelas redes sociais do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).

Tal percepção ajuda o time da comunicação da corte a entender o desafio que enfrenta e a usar toda a criatividade possível para levar informação de interesse público ao jovem.

Beatriz é a “menina de franjinha” no vídeo acima, como ela mesma se descreve. Na comunicação do TRE-PR desde março de 2021, ela conta que foi convocada para ser mesária nas eleições de 2020. E pensou: “Que saco, passar o domingo trabalhando”. Quando viu de perto como funciona uma eleição, mudou a visão que tinha do mundo eleitoral e da importância do processo democrático.

“A importância do mundo eleitoral não é só em ano de eleição, é com o nosso voto que a gente muda o que a gente quer mudar no mundo. A democracia é o caminho para mudar as coisas. E o Tik Tok ajuda muito o jovem a entrar nesse mundo eleitoral”, afirma.

Segundo o balanço mais recente do TRE-PR, mais de 358 mil eleitores no Paraná têm idade entre 16 e 20 anos. Parte deles ainda não é obrigada a votar.

Porém, em entrevista ao g1 Paraná, a coordenadora da Comunicação Social do tribunal, Rubiane Kreuz, relata que as postagens em redes como o Tik Tok têm surtido efeito no engajamento. Adolescentes chegam a lamentar ainda não ter idade para ir às urnas, diz ela.

O prazo para emitir ou regularizar o título eleitoral termina em 4 de maio. Adolescentes que completem 16 anos até o dia da eleição (2 de outubro) já podem fazer o documento e votar. Veja tutorial de como tirar o título:

Tik Tok vira canal para ensinar eleitor a emitir título

Tik Tok vira canal para ensinar eleitor a emitir título

Rubiane coordena a comunicação do TRE desde 2019 e conta que em 2020, antes mesmo do início da pandemia, o tribunal percebeu que precisava mudar a estratégia para conversar com o jovem e falar sobre o processo eleitoral, sobre cidadania.

Ainda com receio sobre se daria certo “um órgão público no Tik Tok”, o tribunal decidiu criar seu perfil em outubro de 2020. “O jovem muitas vezes ele não tá interessado em entrar em site de órgão público, mas ele quer saber o que está acontecendo”, afirma a coordenadora da comunicação do TRE-PR.

Hoje, a página da corte estadual conta com mais de 62 mil seguidores, mais do que o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que entrou para a rede naquele mesmo mês e, até a última atualização desta reportagem era acompanhado por mais de 44 mil perfis.

Perfil do TRE-PR no Tik Tok: comunicação feita por jovens, para jovens — Foto: Divulgação

Perfil do TRE-PR no Tik Tok: comunicação feita por jovens, para jovens — Foto: Divulgação

Como se trata de um órgão público, as publicações na rede não são impulsionadas. Assim, a equipe de mídias sociais, que conta com três jovens, fica diariamente “de olho” no que está bombando e tem potencial para virar uma publicação do tribunal.

Nas postagens, o seguidor recebe desde orientações sobre como fazer o título eleitoral, até checagens de informações sobre a segurança da urna eletrônica e sobre como cidadania.

“O jovem está, sim, interessado na política. O que acontece é que nós, órgãos públicos, temos que ter uma linguagem que ele fique, que permaneça. E ser uma fonte correta de informação, uma fonte confiável”, afirma Rubiane.

Desde agosto de 2021 Beatriz cuida das postagens da justiça eleitoral do Paraná nas redes sociais. Ela conta que até então nunca tinha postado nada no Tik Tok, só observava o que os outros publicavam. Hoje, afirma, aprendeu como funciona a dinâmica da rede e da justiça eleitoral.

Com as informações publicadas pelo tribunal, relata, os próprios seguidores do TRE-PR passaram a ajudar a esclarecer dúvidas que chegam nos comentários.

Pé na porta: rebeldia do jovem pode romper padrões políticos

Doutora em Serviço Social e coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos da PUC-PR, a professora Juciméri Silveira desta que a cultura da política brasileira não é a da participação, mas sim a da subserviência. “Deixa que o outro vai decidir por mim”, explica.

Assim, cita a doutora, o jovem não é motivado a participar da política. Por outro lado, argumenta a professora, o jovem protagoniza um projeto de uma nova sociedade, mais democrática.

A resistência e a rebeldia da juventude podem ajudar a questionar e a quebrar padrões, inclusive políticos.

“Quando ele [jovem] começa a participar, ele não precisa ser candidato. Ele pode tensionar que candidatos e candidatas incorporem as suas agendas, as pautas. É fazer da democracia mais do que um regime político, mas uma política de vida”.

Juciméri Silveira afirma que a facilidade da maioria dos jovens de navegar nas redes sociais pode ser usada, por exemplo, para ampliar sua participação na vida pública: indo atrás dos candidatos, identificando as plataformas de governo e as candidaturas que se comprometem com os interesses dessa faixa da população.

“É uma questão de consciência coletiva, a política é uma dimensão da nossa vida. A agenda política é a dos interessados e interessadas. Quem ocupa, vai decidir pelos demais. Isso é a democracia representativa. É muito importante que a descrença e a desesperança sejam substituídas por esperança e ativismo”, afirma a doutora.

O promotor de Justiça Eduardo Cambi coordena a Escola Superior do Ministério Público do Paraná e está a frente do projeto Geração Atitude.

A iniciativa está na 7ª edição e é uma parceria do MP com a Secretaria de Estado da Educação, a Assembleia Legislativa do Paraná, o Tribunal de Justiça do Paraná e a Assessoria Especial da Juventude do Governo do Estado.

O objetivo do projeto é levar a escolas públicas de Ensino Médio de todo o Paraná conhecimentos que promovam a cidadania, a participação social e o protagonismo juvenil. A educação, ressalta o promotor, deve preparar o jovem para o exercício da cidadania.

“O jovem tem energia e deve ter a atitude para mudar o mundo O jovem não pode ser um conformado, não pode apenas ler a História pela versão do opressor, apenas reproduzir os estereótipos e preconceitos. Ele precisa ter um senso crítico. Transformar a sociedade é algo que a gente tem que fazer em conjunto”.

O promotor ressalta que a ideia é que os alunos se entendam como cidadãos e percebam que não adianta apenas reclamar, por exemplo, da má qualidade dos serviços públicos. É preciso se engajar.

Tirar os promotores dos gabinetes e colocá-los em contato com a comunidade, com os estudantes, cria um círculo virtuoso, diz Eduardo Cambi. Os alunos aprendem como funcionam os Poderes e os membros do MP, por exemplo, passam a conhecer melhor a sociedade para a qual atuam.

Veja os vídeos mais assistidos do g1 Paraná:



Fonte: G1


10/03/2022 – Rota do Sol FM

SEGUE A @ROTADOSOLFM

(45) 3287-1475

rotadosolfm@hotmail.com
Boa Vista da Aparecida – PR
Rua Celmo Miranda, 802 – Alto da Colina

NO AR:
CONEXÃO 107