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Em meio à Curitiba contemporânea, construções históricas imponentes se destacam no Rebouças.
Com estilo arquitetônico que mistura Art Déco e Modernismo, muitas construções do bairro carregam consigo a glória do primeiro polo industrial da capital paranaense, responsável, a partir de 1885, por um longo período de desenvolvimento local e regional.
Nos dias de hoje, entretanto, o bairro luta para manter suas caraterísticas vivas na memória e na história, ansioso para ser um local que vá além de ponto de passagem.
PodParaná: toda sexta-feira um novo episódio. Ouça no g1 e em diversas plataformas — Foto: Arte/RPC
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A professora, arquiteta e urbanista Iaskara Florenzano, de Curitiba, pesquisa há mais de uma década o bairro, analisando como o antigo Campo do Schmidlin – uma área com caraterísticas rurais – se expandiu e influenciou na estruturação da capital.
Neste episódio você vai descobrir:
Segundo Iaskara Florenzano, a principal influência no processo foi a abertura da antiga Estação Ferroviária de Curitiba, localizada na Avenida Sete de Setembro, que atualmente dá espaço ao Museu Ferroviário.
Edifício da antiga estação ferroviária. — Foto: Reprodução/Iaskara Florenzano/Acervo Casa da Memória
Pouco tempo após o início da estação, o local passou a se chamar Vila Iguaçu, e apenas entre 1950 e 1960, foi nomeado como Rebouças.
“Quando chegam os trilhos do trem, vira uma área de muita mobilidade humana, e também de comércio. Então, é natural que aquela área atrás da estação começasse a ser ocupada porque era uma questão logística. A gente tinha estrada, tinha trilha do trem e tinha um rio […] próximo dali foi colocada a primeira usina elétrica, para iluminação do centro da cidade e para aquelas fábricas que começavam a se colocar ali ao redor. Neste momento tem um ‘boom’ de fábricas, moinhos e engenhos que se deslocavam para ocupar aquela região”.
A pesquisadora Iaskara explica que o processo de industrialização do Rebouças durou até meados de 1943, período em que grandes fábricas surgiram no bairro, como a Cervejaria Atlântica (1912) e a Fiat Lux (1895), até hoje em funcionamento.
A partir de 1970, quando ocorreu a reorganização da malha urbana de Curitiba, o bairro efetivamente começou a passar por um processo que Iaskara chama de esvaziamento, ou seja, a migração das indústrias para outras regiões, especialmente a Cidade Industrial, formalizada em 1972.
A partir de então, um movimento lento – mas marcante – de perda de características começou a ficar mais evidente. As paisagens tradicionais do bairro, gradativamente, passaram a ser engolidas por outras construções.
Um exemplo emblemático é da fábrica da Matte Leão, que chegou ao bairro em 1930 e, após mudar de sede e ter o terreno vendido, foi demolida em 2011 para dar lugar a um templo religioso.
VEJA FOTOS DA PAISAGEM FABRIL DO REBOUÇAS:
Instalações da fábrica Leão Junior, inaugurada no bairro Rebouças em 1930. — Foto: Reprodução/Iaskara Florenzano/Acervo Humberto Mezzadri
Colocação de trilhos e calçamento na atual Avenida Sete de Setembro e Praça Eufrásio Correia — Foto: Reprodução/Iaskara Florenzano/Acervo Casa da Memória
Vista do edifício da primeira usina termelétrica, 1901. — Foto: Reprodução/Iaskara Florenzano/Acervo Casa da Memória
Registros do bairro Rebouças, em Curitiba (2012) — Foto: Diacuy de M. Fialho Crema/Arquivo pessoal
Registros do bairro Rebouças, em Curitiba (2012) — Foto: Diacuy de M. Fialho Crema/Arquivo pessoal
Registros do bairro Rebouças, em Curitiba (2012) — Foto: Diacuy de M. Fialho Crema/Arquivo pessoal
Vista do bairro Rebouças, em Curitiba, em local onde estava fábrica da Matte Leão (2012) — Foto: Diacuy de M. Fialho Crema/Arquivo pessoal
Registro do bairro Rebouças, em Curitiba, durante construção de templo religioso, em 2017, no local onde era a Matte Leão — Foto: Diacuy de M. Fialho Crema/Arquivo pessoal
Moinho Paranaense, atualmente Moinho Rebouças, sede da Fundação Cultural de Curitiba — Foto: Arquivo pessoal/Iaskara Florenzano (2011)
Fábrica de fósforos Fiat Lux – Swedish Match do Brasil — Foto: Arquivo pessoal/Iaskara Florenzano (2011)
Ruínas do Moinho Graciosa — Foto: Arquivo pessoal/Iaskara Florenzano (2011)
Moinho Anaconda — Foto: Arquivo pessoal/Iaskara Florenzano (2011)
Moinhos Unidos Brasil Mate S/A — Foto: Arquivo pessoal/Iaskara Florenzano (2011)
5º Batalhão de Suprimentos do Exército Brasileiro — Foto: Arquivo pessoal/Iaskara Florenzano (2011)
Para Iaskara, o Rebouças precisa de políticas afirmativas que garantam a manutenção da história fabril do bairro. As ações em vigor, avalia ela, ainda não são suficientes e se resumem a poucos tombamentos e Unidades de Interesse de Preservação (UIP).
Segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), o Rebouças conta, até esta sexta-feira (27), com quatro patrimônios tombados e quatro UIP. São eles:
Edifício da Estação Ferroviária (1976)
TOMBADO
Ponte Preta (1976)
TOMBADO
Grupo Escolar Xavier da Silva (2012)
TOMBADO
Ministério Público (2012)
TOMBADO
Antiga Fábrica de Phósphoros de Segurança, antiga FIAT LUX
UNIDADE DE INTERESSE DE PRESERVAÇÃO
Antigo Moinho Unidos Brasil-Mate
UNIDADE DE INTERESSE DE PRESERVAÇÃO
Antigas Cervejarias Glória e Atlântica
UNIDADE DE INTERESSE DE PRESERVAÇÃO
Antiga administração Mate Leão Junior
UNIDADE DE INTERESSE DE PRESERVAÇÃO
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