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O soldado Dyegho Henrique Almeida da Silva, que matou a tiros a ex-companheira, em Curitiba, na terça-feira (13), havia sido afastado no início do ano por “questões psicológicas”, de acordo com a Polícia Militar (PM).
A corporação informou que Dyegho ficou três meses afastado e que, em abril, retornou ao serviço, em atividades administrativas. Ele recebeu a arma de volta, após uma reavaliação, em que demonstrou “condições de portar” o armamento.
Conforme a polícia, o PM alvejou o carro em que estava a vítima, Franciele Cordeiro e Silva, na Rua Francisco Nunes. Ele permaneceu junto ao veículo com o corpo da mulher e, após cerca de quatro horas de negociação, cometeu suicídio.
Segundo a polícia, a motorista estava acompanhada de uma adolescente, de 11 anos, filha dela. A garota conseguiu escapar.
Franciele tinha 28 anos, trabalhava como enfermeira e deixa três filhos, de outro relacionamento.
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira (14), a Polícia Militar informou que apesar do afastamento por questões psiquiátricas, Dyegho não apresentava nenhuma alteração comportamental nas atividades que exercia no batalhão.
Desde que retornou às atividades, em abril, ele estava trabalhando no Centro de Operações Policiais Militares (Copom), pelo 190, nas operações do rádio.
“Não apresentou nenhum comportamento alterado nos últimos serviços. Então, a gente tem uma visão de um policial que trabalha fazendo suas tarefas sem qualquer tipo de alteração comportamental. Inclusive, observando a ficha dele, ele tem elogios. É um policial que tem uma conduta, o comportamento dele é ótimo. É um fato lamentável”, disse o chefe do Copom, Major Cordeiro.
O integrante da Junta Médica da PM, tenente-coronel Darwin Takahiro Shiwaku, afirmou que, protocolarmente, nos casos de afastamento, o militar procura o médico assistente e passa por uma avaliação da junta médica para poder retornar.
“Em casos psiquiátricos, a arma é retirada. No caso dele, em específico, ele ficou em uma quarentena de três meses, sem o porte de arma. Na restituição, ele foi reavaliado para ver se tinha ou não condições de portar a arma”, disse.
Ainda segundo Shiwaku, a polícia dispõe de convênios com hospitais psiquiátricos que acompanham os militares afastados.
A mulher havia registrado Boletim de Ocorrência (B.O.) contra o suspeito, em que relatou ter sofrido ameaças dele.
No B.O. registrado pela vítima, ela relatou que teve um relacionamento com o policial por um ano e que os dois haviam se separado havia um mês. A mulher relatou que, na sexta-feira (9), o suspeito ligou para a casa dela e fez ameaças.
Depois de ela desligar o telefone, de acordo com a vítima, uma pessoa informou que o PM estava em frente à casa dela. No documento, a mulher disse que ligou para a Polícia Militar e alertou que o homem estava “transtornado” e rondando a residência.
No Boletim de Ocorrência, a vítima relatou que “como a casa estava alugada em nome dos dois”, o suspeito comunicou a saída do imóvel para a imobiliária, para tentar chantagear a vítima, obrigando-a a sair.
PM matou ex-companheira a tiros, no bairro Rebouças, em Curitiba — Foto: Reprodução/RPC
Ainda à polícia, Franciele disse que, no ano passado, engravidou de Dyegho e que ele insistia para que ela abortasse. A mulher disse à polícia que o militar chegou a ajudá-la a montar o quarto do filho que ela esperava, mas que ele deu a ela um remédio abortivo sem que ela soubesse durante uma relação sexual.
A criança morreu dias após o nascimento, que foi prematuro, segundo ela. A mulher relatou ainda que, após uma depressão, o militar chegou a ser afastado dos trabalhos.
Nesta quarta-feira (14), a Polícia Civil informou que a vítima registrou o boletim no domingo (11). “Na segunda-feira, foi solicitada a prisão do suspeito, o qual estava em andamento. Também foi requerida medida protetiva para a vítima”, disse.
A Polícia Militar (PM) informou que se solidariza com os familiares das vítimas e lamentou o ocorrido. “Todos os procedimentos de segurança foram adotados pelas equipes policiais desde a primeira intervenção e as tratativas foram feitas de forma incessante”, disse a corporação.
A corporação disse também que as motivações serão devidamente apuradas posteriormente.
Conforme a polícia, haverá uma investigação militar e um procedimento foi encaminhado à Delegacia da Mulher para apuração do caso, para onde foi encaminhada a arma usada pelo policial no crime.
Até a publicação desta reportagem, não havia informações sobre as possíveis defesas das famílias dos envolvidos.
Câmeras de segurança registraram o momento em que o soldado atirou contra o veículo. Assista, abaixo.
Câmeras flagram policial atirando contra carro em Curitiba
Imagens mostram o soldado, que dirigia uma moto, parando o veículo da ex-esposa em uma rua do bairro Rebouças.
Na sequência, o homem atirou várias vezes. O vídeo mostra ainda a motorista do carro dando marcha à ré para tentar fugir.
Uma outra câmera registrou o momento em que o carro bateu em um outro veículo, que vinha atrás. Em seguida, uma jovem aparece correndo pela rua.
Uma testemunha, que estava em uma loja próxima de onde o crime aconteceu, disse ao g1 que ouviu vários disparos. Segundo a testemunha, os tiros pararam por alguns segundos e, logo depois, novos disparos foram feitos.
Vídeos mostram que ruas do entorno foram fechadas para o atendimento da polícia. Testemunhas disseram que ficaram impedidas de sair de estabelecimentos próximos ao local.
Caso aconteceu no bairro Rebouças. Equipes da PM interditaram ruas — Foto: Imagem cedida