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Há quase dois meses, Guarapuava, na região central do Paraná, acolhe e impulsiona a reconstrução da vida de 36 refugiados da guerra da Ucrânia. Entre eles está Iuri Martynchuk, que era empresário no país europeu e conseguiu dispensa da guerra por ter quatro filhos pequenos.
“Somos gratos primeiramente a Deus, mas estendemos essas bençãos para todas as pessoas da igreja [voluntárias] e a todas em geral, que se envolveram com a vida dos refugiados e que tem nos atendido da melhor forma possível”.
As primeiras famílias chegaram ao estado em 20 de março, com visto humanitário. Desde então recebem apoio, principalmente, de voluntários de uma rede mundial de igrejas.
Família de Iuri e outros refugiados moram na região central da cidade — Foto: RPC Guarapuava
Entre as crianças, o acolhimento também acontece na escola, onde elas aprendem um pouco de português.
O diretor do colégio, Cristiano Rank, detalha como a comunicação ocorre com o apoio da tecnologia.
“Nós estamos ali utilizando na prática a pedagogia do amor. Nesse primeiro momento, a comunicação está sendo feita através de aplicativos. Alguns professores nossos falam inglês. Mas as crianças entendem muito bem. Estão sendo muito bem acolhidas”.
Com os adultos, a tecnologia também tem auxiliado na comunicação e facilitado o aprendizado do novo idioma. Uma professora voluntária, que vai semanalmente ao município, oferece aulas gratuitas de português aos refugiados.
“Nessa convivência, na cidade, e passeando pelas ruas, temos aprimorado a língua portuguesa. As crianças falam muito pouco inglês, mas se comunicam de forma bem avançada em português, apesar do pouco tempo aqui”, explicou a empresária ucraniana Olga Martynchuk, esposa de Iuri.
Olga está entre os ucranianos refugiados que se instalaram em Guarapuava — Foto: RPC Guarapuava
Em Guarapuava, são 22 crianças e adolescentes, além de 14 adultos que deixaram a Ucrânia em busca da sobrevivência.
Inicialmente, segundo explicam os voluntários, eles ficaram alojados por mais de 10 dias em uma chácara. Em 22 de abril se mudaram para 11 apartamentos, no Centro de Guarapuava.
Ucranianos recomeçam a vida no Paraná
Entre os ucranianos refugiados no município está Marina Chykhonova, que era professora de música no país. Ela veio ao Brasil com um dos filhos. O outro, de 22 anos, ficou no país para lutar na guerra.
“Eu deixei o meu filho mais velho de 22 anos porque, a partir dos 18, os homens não podem deixar o país pra lutar na guerra. Estou muito grata a Deus porque aqui no Brasil o céu azul é aberto. A paz paira, é uma vida muito plena. Eu vim com um dos meus filhos e me sinto muito feliz e abençoada por estar no meio de vocês”.
Marina é professora e, na fuga para o Brasil, precisou deixar filho de 22 anos na Ucrânia — Foto: RPC Guarapuava
Para viver, os refugiados recebem a ajuda com alimentação e moradia, proporcionados pela igreja e voluntários. O valor mensal varia de R$ 1.200 a R$ 2.000, dependendo do número de pessoas na família.
Voluntários também auxiliam com doação de roupas e alimentos.
O visto humanitário que as famílias receberam, concedido pelo Governo Federal, permite que os ucranianos morem, estudem e trabalho no Brasil inicialmente até setembro, mas a validade do documento pode ser prorrogada. Os adultos fizeram o Cadastro de Pessoa Física (CPF), documento de identificação nacional, e aguardam pela liberação, também, de carteiras do trabalho.
O pastor Uécles explicou que a igreja possui plano de auxiliar as famílias por pelo menos 12 meses.
Segundo pastor, rede mundial de igrejas deve ajudar refugiados por um ano — Foto: RPC Guarapuava
“Como igreja, nós estamos dispostos a cuidar deles por 12 meses. Quando chegar ao décimo mês, tem mulheres aqui que os maridos estão na guerra e a gente tem um compromisso com elas. Ou vai trazer o marido, ou então, caso a Ucrânia já esteja num processo de reconstrução, de repente elas podem voltar pra lá”.