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Vereador Renato Freitas denuncia ter recebido ofensas racistas em e-mail atribuído a relator do processo contra ele na Câmara de Curitiba


O vereador Renato Freitas (PT) denunciou à Câmara Municipal de Curitiba que recebeu um e-mail com ofensas racistas e ameaças contra o mandato dele e de outros vereadores negros da cidade.

A mensagem é atribuída ao e-mail do vereador Sidnei Toaldo (Patriota), pelo sistema interno do Legislativo. Ele negou, nesta terça-feira (10), ter sido o autor da mensagem e afirmou que, com os advogados, registrou o caso junto à Polícia Civil para que seja apurado o uso indevido da conta dele.

Toaldo é relator do processo que investiga Renato no Conselho de Ética da Casa e que concluiu, na semana passada, o parecer do caso pedindo pela cassação do mandato do parlamentar.

Renato Freitas é acusado de quebra de decoro por invadir a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em fevereiro, durante uma manifestação contra ao racismo.

O parecer de Toaldo com o pedido de cassação recebeu pedido de vista na última reunião e deve voltar à votação no Conselho de Ética, na tarde desta terça-feira.

Ofensas racistas e ameaças ao mandato

A mensagem denunciada por Renato Freitas foi enviada na segunda-feira (9). Nela, o autor utiliza termos racistas para ofender o parlamentar e afirma que “a câmara dos vereadores de Curitiba não é seu lugar, Renato. Volta para a senzala”.

Ainda no texto, o autor ameaça que vai “dar um jeito de cassar” também os mandatos dos outros vereadores negros da Casa, Carol Dartora (PT) e Herivelto Oliveira (Cidadania).

Renato Freitas afirmou que, tendo partido do e-mail institucional do vereador Toaldo, a mensagem pode ter sido enviada por ele ou por alguma pessoa ligada a ele e destacou que vai pedir uma investigação para chegar à pessoa que escreveu a mensagem.

“A gente vai fazer um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Cibernéticos para que se apure a autoria, a partir do IP, do computador que foi acessado, horário, das câmeras, a gente vai saber exatamente quem foi”, disse Freitas.

Renato Freitas, vereador de Curitiba, denunciou e-mail com ofensas racistas atribuído a parlamentar que pediu cassação do mandato dele no Conselho de Ética — Foto: Reprodução/RPC

Renato Freitas, vereador de Curitiba, denunciou e-mail com ofensas racistas atribuído a parlamentar que pediu cassação do mandato dele no Conselho de Ética — Foto: Reprodução/RPC

Carol Dartora disse que ela e a equipe estão averiguando as informações junto ao gabinete do vereador Renato Freitas para avaliar quais as providências serão tomadas.

Segundo a vereadora, “o conteúdo da mensagem é gravíssimo, repleto de ódio, racismo e ameaças à democracia. Os seus autores precisam ser identificados e punidos”.

O vereador Herivelto Oliveira disse que foi registrado Boletim de Ocorrência do caso e que a mesa Câmara acompanha. “Espero que a polícia consiga localizar o responsável e que ele seja punido segundo a lei”, afirmou.

Após a denúncia de Renato sobre o e-mail, o presidente da Câmara de Curitiba, Tico Kuzma (Pros), classificou como “inaceitável” e “criminoso” o que chamou de “uso indevido do e-mail institucional do Legislativo para ataques racistas aos vereadores da capital”.

Em nota, a Câmara disse que, preliminarmente, manifesta indignação quanto ao teor do e-mail. Segundo a assessoria, serão disponibilizadas todas as informações necessárias às autoridades para apurar o ocorrido, “com o fim de proteger a segurança de dados de todos os usuários desta Casa”.

Toaldo afirmou que também registrou o caso junto à delegacia para que os responsáveis sejam identificados.

“Quero deixar claro meu total repúdio em relação ao conteúdo desse e-mail. Considero inaceitável que qualquer pessoa seja capaz de proferir tais palavras, quem dirá escrevê-las”, disse.

Parecer no Conselho de Ética

O parecer do vereador Sidnei Toaldo foi concluído e apresentado no Conselho de Ética da Casa na sexta-feira (6) quando recebeu pedido de vista da vereadora Maria Letícia (PV).

A RPC e o g1 tiveram acesso ao documento do relator, que é de conhecimento dos membros da comissão de Ética, mas ainda não está publicado no Sistema de Proposições Legislativas da Casa, segundo a assessoria da câmara.

Na conclusão, Toaldo aponta que, durante a invasão à igreja, Renato disse “palavras de natureza político-ideológica” junto aos manifestantes.

Conforme o parecer, imagens registradas do caso mostram que em nenhum momento Renato deixa “a liderança da manifestação e nem pede que os manifestantes se abstenham de tais práticas. Ao contrário, segue na liderança da manifestação, dirigindo-se aos manifestantes, em frente ao altar”.

Toaldo relatou que houve quebra de decoro por parte de Freitas. Leia, abaixo.

“Diante de todas essas razões, restando demonstrada a gravidade das condutas do representado vereador Renato Freitas, flagrantemente atentatórias ao decoro parlamentar, por abuso de sua prerrogativa, a conclusão deste parecer, – pelas disposições constantes dos dispositivos legais invocados -, é pela aplicação da medida disciplinar de perda de mandato, ao vereador Renato de Almeida Freitas Junior, nos termos do artigo 10, inciso I, do código de ética e decoro parlamentar da Câmara de Vereadores de Curitiba”, diz o texto.

O advogado de Freitas, Guilherme Gonçalves, afirmou que o processo deixou de ser jurídico e se tornou perseguição política.

Ele considerou que o voto de Sidnei Toaldo violenta e afronta as provas produzidas no processo e reafirmou que Renato Freitas não liderou a manifestação, desrespeitou a missa ou participou de discussão com o padre.

O pedido de vista na comissão, segundo a assessoria da Câmara, teve o objetivo de dar prazo para que o texto seja estudado em detalhe e, se for o caso, os membros possam apresentar voto em separado, ou com outra sugestão de pena, ou ainda pedindo o arquivamento.

A depender da decisão da Comissão de Ética, o parecer aprovado pode ser encaminhado ao plenário, onde será avaliado e votado por todos os vereadores.

As oitivas no Conselho de Ética começaram em 21 de março e terminaram em 11 de abril. Além de Freitas, 12 testemunhas foram ouvidas.

O procedimento foi instaurado na CMC a partir de cinco representações que alegam, principalmente, quebra de decoro.

As queixas contra Freitas foram apresentadas pelos vereadores Eder Borges (PSD); Pier Petruzziello (PTB); Pastor Marciano Alves e Osias Moraes, ambos do partido Republicanos; e pelos advogados Lincoln Machado Domingues, Matheus Miranda Guérios e Rodrigo Jacob Cavagnari.

Vereador foi ouvido por outros oito parlamentares em 11 de abril — Foto: CMC

Vereador foi ouvido por outros oito parlamentares em 11 de abril — Foto: CMC

O que diz a defesa de Renato Freitas

O advogado do vereador afirma que ficou demonstrado no processo do Conselho de Ética que o vereador não invadiu a igreja e desrespeitou o catolicismo.

“Do ponto de vista estritamente jurídico, o absurdo voto de Sidnei Toaldo violenta e afronta as provas produzidas no processo, pois restou mais que demonstrado que o vereador Renato não liderou a manifestação, que a manifestação não interrompeu ou interferiu com o andamento da missa que ocorria naquele dia na igreja de nossa Senhora do Rosário dos pretos, que não houve nenhuma forma de diz respeito seja a própria missa, seja ao símbolos religiosos próprios do catolicismo, e sobretudo que não há nenhuma participação direta do vereador Renato nos atos relativos a discussão com o padre ou a Realização da entrada na igreja, que o próprio voto admite que se deu de maneira pacífica”, afirmou em nota o advogado Guilherme Gonçalves.

O advogado citou o vazamento de áudios relacionados à Comissão de Ética como sinal da perseguição política contra Freitas. “A defesa não vai hesitar em procurar o poder judiciário para reparar alguma ilegalidade”.

Grupo que pedia justiça pela morte de Moïse entrou em igreja durante manifestação, em Curitiba — Foto: Reprodução

Grupo que pedia justiça pela morte de Moïse entrou em igreja durante manifestação, em Curitiba — Foto: Reprodução

A defesa de Renato Freitas negou, também, que o vereador tenha perturbado e interrompido a missa na Igreja do Rosário, o que as representações entenderam se caracterizar como crime de violação de prática religiosa.

Grupo que pedia justiça pela morte de Moïse entra em igreja durante manifestação

Grupo que pedia justiça pela morte de Moïse entra em igreja durante manifestação

Na época, a Arquidiocese de Curitiba registrou Boletim de Ocorrência contra Renato Freitas. Segundo a Polícia Civil, o caso permanece sendo investigando.

A invasão da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos aconteceu no dia 5 de fevereiro, durante protestos de repúdio ao assassinato do congolês Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho. O vereador integrava a ação.

O padre Luiz Hass disse que celebrava uma missa no local e que precisou interromper o culto diante da entrada dos manifestantes no templo. Freitas alega que o culto tinha acabado.

No dia 9 de fevereiro, Renato Freitas falou sobre o assunto durante sessão ordinária na câmara e pediu desculpas pela atitude. Assista abaixo.

“Algumas pessoas se sentiram profundamente ofendidas, e para essas pessoas eu sinceramente e profundamente peço perdão. Desculpa. Não foi, de fato, a intenção de magoar ou de algum modo ofender o credo de ninguém. Até porque eu mesmo, como todos sabem, sou cristão”, disse.

Vereador pede perdão por invasão em igreja durante protesto, em Curitiba

Vereador pede perdão por invasão em igreja durante protesto, em Curitiba

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Fonte: G1


10/05/2022 – Rota do Sol FM

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